HORIZONTES REBELDES: relações de trabalho e movimentos sociais no século XXI
Maíra Neiva Gomes
ISBN: 978-85-9471-062-8
Edição: 1ª – 2018
Págs.: 399
O Brasil vive um momento extremamente grave, em termos políticos, sociais e econômicos. Mergulhado em uma crise aguda que abala a legitimidade das instituições, aprofunda as desigualdades sociais e ameaça a vida de pessoas, o país parece tomado por discursos de ódio.O presente texto foi desenvolvido nas pesquisas de doutorado da Autora e identifica, nas Jornadas de Junho de 2013, uma séria ruptura com o modelo político pré-existente. Oriunda do Movimento Estudantil e assessora sindical por 15 anos, a Autora descreve, a partir de sua própria imersão nos Movimentos Sociais, o surgimento de novos protagonistas populares.Estaria o sindicalismo fadado ao esquecimento? O que significa a rejeição popular ao modelo político da “democracia representativa”? Em que dimensão o uso intenso de novas tecnologias de comunicação afeta as percepções e reivindicações sociais? A partir dos coletivos políticos culturais de Belo Horizonte, dos quais faz parte a Autora, propõe-se uma análise crítica do sindicalismo que englobe as dimensões das reivindicações de outros segmentos sociais.Adotando o Giro Decolonial como proposta teórica e prática de leitura da sociedade, o livro busca revelar as epistemologias silenciadas pelo Poder Colonial, buscando alargar o conceito de cidadania para além da perspectiva meramente econômica do sujeito imposta, na Modernidade, pelo pensamento eurocêntrico.Não se busca, no texto, apresentar uma “cartilha” para auxiliar o sindicalismo na reconstrução de sua legitimidade social. O que se propõe é um intenso e profundo debate sobre as novas realidades sociais e econômicas de trabalhadores e trabalhadoras que também são sujeitos em todas as outras dimensões da vida.
SUMÁRIO
1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS
PRIMEIRA PARTE: O TRABALHO E SEU VALOR cultural filosófico....
2 - O fim da história ou a abertura de possibilidades para novas narrativas?
2.1 O espaço/tempo no discurso sobre a Modernidade Capitalista
2.2 O discurso crítico das ciências sociais
2.2.1 A construção da identidade europeia
2.2.2 Entre selvagens e bárbaros, escolhemos os romanos
2.3 O descolonialismo como metodologia para se compreender a sociedade capitalista - as vozes do Sul
2.3.1 O capitalismo globalizado sob a perspectiva dos povos do Sul
3 - O DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA JURÍDICO EUROPEU
3.1 O comunitarismo excludente: igualdade e justiça na Antiguidade Clássica Helênica
3.2 A honra medieval e a preservação da noção de igualdade geométrica: o conceito de justiça na Idade Média europeia
3.3 Como o Direito se tornou ciência?
3.4 O Iluminismo em julgamento
3.4.1 O Romantismo Alemão se opõe ao Iluminismo
4 - Trabalho na cultura europeia: entre a negação religiosa e a monetarização capitalista
4.1 A decadência humana pelo trabalho ou a sua redenção?
4.2 O dualismo platônico
4.3 A cristandade como modo de vida em Santo Agostinho
4.3.1 A dualidade do ser em Santo Agostinho
4.4 A razão divina em São Tomás de Aquino
4.5 O espírito do capitalismo na reforma protestante segundo Max Weber
4.5.1 A economia de necessidade versus o espírito do capitalismo
4.5.2 Não pense, trabalhe
4.5.2.1 Deus é mau. Deus é bom. Deus do trabalho. Deus da contemplação: a solidão calvinista e a vocação para o trabalho
4.5.2.2 Das mãos de Deus nasce o capitalismo
5 - COROAÇÃO DO TRABALHO NA CULTURA OCIDENTAL
5.1 A disciplina do trabalho liberta? Hegel e a dialética do reconhecimento
5.2 Karl Marx e a coroação do trabalho: o trabalho enquanto objeto e sujeito
5.2.1 Karl Marx e o trabalho enquanto objeto
5.2.1.1 A permanência das dualidades alma/corpo e homem/natureza no sistema marxista
5.2.2 Marx e o trabalho enquanto sujeito
5.2.2.1 O animal laborans conquistou a política
5.3 Direito ao trabalho ou direito ao disciplinamento do corpo?
5.3.1 Trabalho e tempo: a teoria da mais-valia
5.3.2 O controle do tempo e do corpo pelo capitalismo
5.3.2.1 A tomada do tempo pela fábrica capitalista e pelo sistema punitivo penal
5.3.2.2 A tomada do corpo e da alma pela fábrica capitalista
6 - AS DIVERSAS MATRIZES CULTURAIS BRASILEIRAS E A EMERGÊNCIA DE NOVOS VALORES SOCIAIS
6.1 Eu, a/o brasileira/o de raiz indígena
6.1.1 O escravo indígena
6.1.2 Trabalho e disciplina na cultura indígena
6.2 Eu, a/o brasileira/o de raiz africana
6.2.1 A coletividade africana
6.2.2 As formas de resistência afro-brasileiras
6.2.3 O Brasil afro que o Brasil branco não quer enxergar
6.2.3.1 A resistência da linguagem, da religiosidade, da culinária, da musicalidade e do coletivismo afro
6.3 Novos valores jurídicos que emergem das sociedades latino-americanas
6.3.1 Contribuições do socialismo andino amazônico
6.3.2 Contribuições da coletividade africana
SEGUNDA PARTE: TRABALHO, sindicalismo e política no século xxi: qual o futuro do direito do trabalho?
7 - O PASSADO, O PRESENTE E O FUTURO DO CAPITALISMO E DO TRABALHO: CRÍTICAS E ADAPTAÇÕES DO SISTEMA
7.1 Em busca da metodologia de análise da atual fase capitalista
7.1.1 Vantagens pessoais e bem comum: desmascarando o discurso capitalista
7.1.2 O papel da crítica nas formações históricas capitalistas
7.2 A crise do pacto fordista e a construção da cidade por projetos
7.2.1 O papel da crítica na formação do atual espírito do capitalismo:entre o social e o estético, como construir a justiça?
7.2.2 O trabalho líquido forja o sujeito líquido
7.2.2.1 Seria o “trabalhador líquido” um sujeito sem caráter?
8 - A MATERIALIZAÇÃO DA MULTIDÃO: NAS REDES E NAS RUAS
8.1 A resistência das subjetividades articulada em rede
8.2 #nósSomosAsRedesSociais
8.2.1 #PodiaSerAGenteMasVocêNãoColabora
8.2.2.#SaímosDoFacebook
8.3 #BaileEOcupeComigo
8.3.1 #ComQueRoupaEuVou?
9 - O HORIZONTE É REBELDE: A RENOVAÇÃO DAS CRÍTICAS
NO BRASIL DO SÉCULO XXI
9.1 #NinguémMeRepresenta
9.2 #OProfessorÉMeuAmigoMexeuComEleMexeuComigo
9.3 #OHorizonteÉBeloERebelde
9.3.1 #BaixoCentroÉCultural
9.3.2 #PraiaDaEstação
9.3.3 #CarnavalizaBHCarnavalizaADemocracia
9.4 #OcupeSuaMente
9.4.1 #LegalizeJá
9.4.2 #SeNãoForPraDescerAtéOChãoNãoÉMinhaRevolução
9.4.3 #SouFeiaMasTôNaModa
9. 4.3.1 Desmistificando o funk: suas origens musicais e sociais
9. 4.3.2 O funk proibidão e o movimento de mulheres negras
9. 4.3. 3 O funk ostentação, o shopping center e o Rolezinho
9.5 O sindicato de ontem, hoje e amanhã
10 - PRINCÍPIO DA INTEGRAÇÃO: CONSTRUINDO UM NOVO SENTIDO PARA O TRABALHO E PARA A DEMOCRACIA
10.1 A necessária reconstrução do sindicalismo
10.2 Trabalho e cidadania: a subcidadania brasileira
10.3 Construindo o Princípio da Integração
10.3.1 A democracia na concepção europeia
10.3.2 A cidadania na concepção europeia
10.3.3 A democracia e a cidadania na Teoria do Reconhecimento
10.3.4 Competição x cooperação: cidadania, participação e democracia consensual latino-americana
10.4 Princípio da integração: trabalho e cidadania participativa
11. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Referências Bibliográficas